Uma intervençäo cênica que cinde o monopólio da realidade estabelecida, para propor a escolha do que é o real. Olhares sobre a obra de um gênio obsessivo, tarado, libertário, reacionário, polêmico, pornográfico. Loucas vítimas que insistem no dìreito à singularidade, à interioridade... noivas que sonham e carregam suas tragédias, para que a fantasia possa explodir na cidade, sob a forma de imagens gratificantes, e o delírio se valide como linguagem.
A Nelson Rodrigues, nossa homenagem...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nelson Rodrigues 100 anos do Anjo Pornográfico



Nelson Rodrigues não era somente um gênio intuitivo, tinha um projeto teatral. Ele criou o teatro desagradável que rompia com o distanciamento entre a plateia e a peça, provocando um efeito catártico sobre as pessoas.

Seu teatro era construído para ser grotesco, imperfeito, de mau gosto com personagens demoníacos e monstruosos. Ele criou uma estética do disforme, do feio, do monstruoso.

Não é um teatro realista, mas mítico, alegórico e simbólico. Sua arte é visionária, brotando das profundezas do inconsciente coletivo.

Analisando seu processo criativo, constatamos que muitas das peças surgiram de contos.

Nelson Rodrigues foi chamado de flor de obsessão, pois cultivou os mesmos temas, como o incesto, o duplo, a rivalidade entre irmãos, o adultério de uma forma obsessiva.

Os motivos obsedantes, como a serpente, o intruso, o mito dos irmãos rivais, o duplo monstruoso, o triângulo amoroso, estão presentes nas peças A serpente, Vestido de noiva, Toda nudez será castigada e estão disseminados por toda a sua obra.




Teatro


Nélson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas. Assim, as peças seguem o plano de publicação:Ordem cronológica

Estreias das peças (todas no Rio de Janeiro)

  • A mulher sem pecado - 1941 - Direção: Rodolfo Mayer
  • Vestido de noiva - 1943 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Álbum de família - 1946 - Direção: Kleber Santos
  • Anjo negro - 1947 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Senhora dos Afogados - 1947 - Direção: Bibi Ferreira
  • Doroteia - 1949 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Valsa nº 6 - 1951 - Direção: Milton Rodrigues
  • A falecida - 1953 - Direção: José Maria Monteiro
  • Perdoa-me por me traíres - 1957 - Direção: Léo Júsi
  • Viúva, porém honesta - 1957 - Direção: Willy Keller
  • Os sete gatinhos - 1958 - Direção: Willy Keller
  • Boca de ouro - 1959 - Direção: José Renato
  • O beijo no asfalto - 1960 - Direção: Fernando Torres
  • Bonitinha, mas ordinária - 1962 - Direção Martim Gonçalves
  • Toda nudez será castigada - 1965 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Anti-Nélson Rodrigues - 1974 - Direção: Paulo César Pereio
  • A serpente - 1978 - Direção: Marcos Flaksman

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