Uma intervençäo cênica que cinde o monopólio da realidade estabelecida, para propor a escolha do que é o real. Olhares sobre a obra de um gênio obsessivo, tarado, libertário, reacionário, polêmico, pornográfico. Loucas vítimas que insistem no dìreito à singularidade, à interioridade... noivas que sonham e carregam suas tragédias, para que a fantasia possa explodir na cidade, sob a forma de imagens gratificantes, e o delírio se valide como linguagem.
A Nelson Rodrigues, nossa homenagem...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Vídeo Rodriguianas - Mirada

Já conferiram o vídeo que o Mirada produziu sobre As Rodriguianas? Breve entrevista com a diretora, Maria Tornatore, e com algumas atrizes do elenco. Assista:



Estréia

As Rodriguianas estrearam ontem no Mirada, sendo muito bem recebidas pelo público. Para quem perdeu as apresentações de ontem, ainda há chance de assistir nos dias 8, 11 e 15. Saiba mais acessando a nossa agenda.

Em breve, fotos das apresentações estarão disponíveis no blog.

Vejam as notícias publicadas hoje sobre nossa estréia:

Rodriguianas - A dor da gente saiu no jornal!

Rodriguianas:Matéria de capa e Caderno Galeria de hj

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Locais - Rodriguianas no Mirada

Boa Noite!

Para quem ainda não viu, eis a escala das apresentações das Rodriguianas no Mirada 2012. Basta clicar no link "Escala Rodriguianas - Mirada" aqui do lado direito, ou no link abaixo da foto. Boa apresentação!


Escala Rodriguianas - Mirada

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Rodriguianas: Homenagem a Nelson Rodrigues em canal esportivo

Para quem gosta de boas crônicas esportivas, para quem leu A Pátria de Chuteiras ou a Sombra das Chuteiras Imortais, que reúne as melhores crônicas de Nelson Rodrigues sobre o tema é para não perder mesmo!

Homenagem a Nelson Rodrigues em canal esportivo

"O que procuramos no futebol é o drama, a tragédia, o horror, é a compaixão"
"O que procuramos no futebol é o drama,
a tragédia, o horror, é a compaixão"
A partir desta 4ª, o SporTV apresenta reportagens especiais sobre a trajetória do dramaturgo, amante do futebol e fanático pelo Fluminense.
Sob o olhar questionador de Nelson Rodrigues, o futebol se transformou em espetáculo, ganhou uma conotação dramática e serviu de enredo para crônicas e frases que continuam sendo eternizadas por apaixonados pelo esporte. Precursor de mudanças importantes na cobertura e na valorização do jornalismo esportivo e considerado um dos maiores  dramaturgos e cronistas do país, ele será homenageado pelo SporTV nesta semana. Na próxima quinta-feira, ele completaria 100 anos de vida.
Defensor ferrenho dos craques e da seleção brasileira e torcedor declarado do Fluminense,  Nelson que calçou as chuteiras na pátria. Defendia que "o Brasil era a Seleção e a Seleção era o Brasil" e não se conformava com elogios a seleções estrangeiras. Esse e outros capítulos da sua obra serão lembrados em reportagens especiais que irão ao ar no programação do canal.
Nesta quarta-feira, o programa "Redação SporTV", às 10h, abriu as homenagens com convidados especiais. Como o jornalista e escritor Ruy Castro, autor da biografia de Nelson Rodrigues, “O Anjo Pornográfico”, e o colunista da jornal "Folha de São Paulo" Xico Sá, que lembraram de momentos marcantes da história do lendário jornalista.
Os programas “SporTV News” e “Tá na Área” também vão apresentar reportagens com personagens que tiveram participação e contribuição na obra de Nelson Rodrigues.
No sábado, o “SporTV Repórter” será dedicado ao centenário do homem que ajudou a mudar a visão do futebol e do jornalismo esportivo. O programa vai mostrar a importância da obra de Nelson e a visão original que ele tinha do futebol como esporte e espetáculo.

Fonte: SporTV

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Reprise de “Engraçadinha” no centenário de Nelson



Para comemorar os 100 anos do escritor Nelson Rodrigues (1912-1980), o canal por assinatura Viva vai reprisar, a partir do próximo dia 23 de agosto, data do nascimento de Nelson, a minissérie Engraçadinha, exibida originalmente pela TV Globo entre abril e maio de 1995.


A minissérie é uma adaptação de Leopoldo Serran para os textos escritos pelo dramaturgo no folhetim Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, publicado no jornal Última Hora entre agosto de 1959 e fevereiro de 1960. A direção é de Denise Sarraceni.

A versão televisiva foi dividida em duas partes. A primeira, nos anos 40, traz Alessandra Negrini no papel-título. A história começa em Vitória, no Espírito Santo, e conta a vida de uma menina de família conservadora que é noiva de Zózimo (Pedro Paulo Rangel), mas vive um romance proibido com o primo Sílvio (Ângelo Antônio). Para apimentar ainda mais a situação, sua amiga, Letícia (Maria Luísa Mendonça), noiva de Sílvio, se revela apaixonada por Engraçadinha. Depois de uma tragédia familiar, a jovem se vê obrigada a mudar de cidade. Casa-se com Zózimo e vai morar no Rio de Janeiro.

Vinte anos depois, Engraçadinha, agora vivida por Claudia Raia, é uma mulher religiosa, mãe de dois filhos, que acaba cedendo às investidas do galanteador Luiz Cláudio (Alexandre Borges). Letícia também volta do passado para atormentar a vida da amiga e tentar, mais uma vez, seduzi-la.

A minissérie fez muito sucesso na época de sua exibição, não só por se tratar de uma obra de Nelson Rodrigues, mas também por colocar a debutante Alessandra Negrini no posto de sexy symbol. As sensuais cenas de Claudia Raia, que fazia sua estreia em um papel dramático, também chamaram atenção.

Sucesso comercial, a minissérie já foi vendida para países como Chile, Bulgária, Portugal, Venezuela, Colômbia, México e Finlândia. A TV Globo a reprisou por duas vezes, em 98 e 2002, e o próprio Canal Viva já a reapresentou em 2010.

Engraçadinha será apresentada de segunda à sexta-feira, às 23h15. Quem perder a exibição noturna e tiver coragem de encarar uma obra rodrigueana logo cedo, haverá uma reprise às 5 horas da manhã.

(Danilo Casaletti)

Fonte: Época

A Realeza de Pelé – Nelson Rodrigues


Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.

Vejam o que ele fez, outro dia, no já referido América x Santos. Enfiou, e quase sempre pelo esforço pessoal, quatro gols em Pompéia. Sozinho, liquidou a partida, liquidou o América, monopolizou o placar. Ao meu lado, um americano doente estrebuchava: — “Vá jogar bem assim no diabo que o carregue!”. De certa feita, foi até desmoralizante. Ainda no primeiro tempo, ele recebe o couro no meio do campo. Outro qualquer teria despachado. Pelé, não. Olha para frente e o caminho até o gol está entupido de adversários. Mas o homem resolve fazer tudo sozinho. Dribla o primeiro e o segundo. Vem-lhe ao encalço, ferozmente, o terceiro, que Pelé corta sensacionalmente. Numa palavra: — sem passar a ninguém e sem ajuda de ninguém, ele promoveu a destruição minuciosa e sádica da defesa rubra. Até que chegou um momento em que não havia mais ninguém para driblar. Não existia uma defesa. Ou por outra: — a defesa estava indefesa. E, então, livre na área inimiga, Pelé achou que era demais driblar Pompéia e encaçapou de maneira genial e inapelável.

Ora, para fazer um gol assim não basta apenas o simples e puro futebol. É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.

sábado, 18 de agosto de 2012



“Sou um suburbano. Acho que a vida é mais profunda depois da Praça Saenz Peña.O único lugar onde ainda há o suicídio por amor,onde ainda se morre e se mata por amor,é na Zona Norte”.
Dias, locais e datas das Rodriguianas no MIRADA


"Todas as vaias são boas, inclusive as más".

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nelson e sua paixão pelo Fluminense


“O Fluminense é o único time tricolor do mundo. O resto são só times de três cores”.

“Nas situações de rotina, um `pó-de-arroz’ pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumba”.

“Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fato”.

“Grandes são os outros, o Fluminense é enorme”.

“Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão”.

“Ser tricolor não é uma questão de gosto ou opção, mas um acontecimento de fundo metafísico, um arranjo cósmico ao qual não se pode – e nem se deseja – fugir”.

“Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, muito antes da presente encarnação”.

“O Fluminense nasceu com a vocação da eternidade…tudo pode passar…só o tricolor não passará jamais”.

Nelson Rodrigues 100 anos do Anjo Pornográfico



Nelson Rodrigues não era somente um gênio intuitivo, tinha um projeto teatral. Ele criou o teatro desagradável que rompia com o distanciamento entre a plateia e a peça, provocando um efeito catártico sobre as pessoas.

Seu teatro era construído para ser grotesco, imperfeito, de mau gosto com personagens demoníacos e monstruosos. Ele criou uma estética do disforme, do feio, do monstruoso.

Não é um teatro realista, mas mítico, alegórico e simbólico. Sua arte é visionária, brotando das profundezas do inconsciente coletivo.

Analisando seu processo criativo, constatamos que muitas das peças surgiram de contos.

Nelson Rodrigues foi chamado de flor de obsessão, pois cultivou os mesmos temas, como o incesto, o duplo, a rivalidade entre irmãos, o adultério de uma forma obsessiva.

Os motivos obsedantes, como a serpente, o intruso, o mito dos irmãos rivais, o duplo monstruoso, o triângulo amoroso, estão presentes nas peças A serpente, Vestido de noiva, Toda nudez será castigada e estão disseminados por toda a sua obra.




Teatro


Nélson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas. Assim, as peças seguem o plano de publicação:Ordem cronológica

Estreias das peças (todas no Rio de Janeiro)

  • A mulher sem pecado - 1941 - Direção: Rodolfo Mayer
  • Vestido de noiva - 1943 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Álbum de família - 1946 - Direção: Kleber Santos
  • Anjo negro - 1947 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Senhora dos Afogados - 1947 - Direção: Bibi Ferreira
  • Doroteia - 1949 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Valsa nº 6 - 1951 - Direção: Milton Rodrigues
  • A falecida - 1953 - Direção: José Maria Monteiro
  • Perdoa-me por me traíres - 1957 - Direção: Léo Júsi
  • Viúva, porém honesta - 1957 - Direção: Willy Keller
  • Os sete gatinhos - 1958 - Direção: Willy Keller
  • Boca de ouro - 1959 - Direção: José Renato
  • O beijo no asfalto - 1960 - Direção: Fernando Torres
  • Bonitinha, mas ordinária - 1962 - Direção Martim Gonçalves
  • Toda nudez será castigada - 1965 - Direção: Zbigniew Ziembiński
  • Anti-Nélson Rodrigues - 1974 - Direção: Paulo César Pereio
  • A serpente - 1978 - Direção: Marcos Flaksman